A rotina de um instrutor de paraquedismo é marcada por adrenalina, foco e muita disciplina. Diferente do que muitos pensam, Segundo Paulo Cabral Bastos, o dia de trabalho desses profissionais começa muito antes do primeiro salto e vai muito além do momento em que os pés tocam o chão. O dia inicia cedo, geralmente com a checagem completa dos equipamentos, leitura das condições meteorológicas e preparação para receber os alunos — muitos dos quais estão prestes a fazer o salto da vida.
Entre um salto e outro, há orientações técnicas, instruções de segurança e acompanhamento psicológico dos alunos, que enfrentam muitas vezes o medo com o coração na mão. A cada salto, o instrutor carrega consigo a responsabilidade pela segurança de outra vida, o que exige atenção máxima e preparo constante. Confira!
Quantos saltos um instrutor realiza em um único dia?
O número de saltos por dia pode variar bastante, dependendo da estrutura do centro de paraquedismo, do clima e da demanda de alunos. Em locais de grande movimento, especialmente nos fins de semana, não é incomum que um instrutor realize entre 8 a 12 saltos diários — em dias atípicos, esse número pode passar dos 15. Cada salto exige concentração, preparo físico e mental, além de resistência emocional para manter a calma em situações adversas.
No entanto, Paulo Cabral Bastos explica que se tornar um instrutor de paraquedismo é uma jornada longa. Tudo começa com a formação como paraquedista, passando por diversas fases de aprendizado, desde os primeiros saltos solos até o domínio total das técnicas de queda livre, controle corporal e manobras com o velame. Depois disso, o candidato precisa acumular uma quantidade significativa de saltos — geralmente mais de 500 — e passar por cursos específicos de instrutoria, primeiros socorros e gerenciamento de emergências.

Quais são os principais riscos enfrentados na profissão?
Apesar dos altos padrões de segurança e da constante evolução tecnológica dos equipamentos, o paraquedismo segue sendo uma atividade de risco, pontua Paulo Cabral Bastos. Para os instrutores, que estão frequentemente saltando com alunos inexperientes, os desafios são ainda maiores. Falhas de equipamento, mudanças súbitas nas condições do vento, colisões em queda livre e problemas na abertura do paraquedas são alguns dos riscos enfrentados.
Mais do que habilidades técnicas, ser instrutor de paraquedismo exige uma combinação de vocação, paixão e equilíbrio emocional. É uma profissão que demanda coragem, mas também empatia. O instrutor precisa ser alguém que saiba lidar com pessoas em momentos de vulnerabilidade, que transmita segurança mesmo diante da ansiedade alheia e que consiga manter o controle em situações extremas.
Como é o impacto emocional e físico dessa profissão?
Paulo Cabral Bastos menciona que do ponto de vista físico, a rotina intensa de saltos, o uso constante de equipamentos pesados e os impactos de pouso geram desgaste no corpo — especialmente nos joelhos, costas e ombros. Muitos instrutores precisam manter uma rotina de preparação física e fisioterapia para evitar lesões. Já no campo emocional, lidar diariamente com o risco e a pressão de garantir a vida de outra pessoa pode ser exaustivo.
A maioria dos instrutores compartilha de um sentimento em comum: a paixão pelo que fazem. Para eles, saltar não é apenas trabalho — é uma forma de viver intensamente, de se conectar com o presente e de ajudar outras pessoas a superarem seus medos. É essa paixão que dá sentido aos dias longos, aos riscos e ao cansaço. Cada salto é uma oportunidade de proporcionar a alguém uma experiência transformadora, algo que muitos descrevem como libertador e inesquecível.
Por fim, quando alguém assiste a um vídeo de salto duplo nas redes sociais, o que vê é emoção, coragem e uma experiência de tirar o fôlego. Paulo Cabral Bastos destaca que por trás daquele momento estão horas de planejamento, testes de equipamento, orientações minuciosas, e uma vida inteira de dedicação do instrutor. Há o comprometimento com a segurança, o preparo psicológico do aluno, o domínio absoluto do tempo e do espaço em queda livre.
Autor: Muntt Apiros